Fake News: O que são e como combatê-las.

Tribus Kabana
4 min readJun 6, 2020

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Num mundo repleto de informações como o nosso, clareza tornou-se poder. Não havendo restrição ao fluxo de ideias a lógica da censura foi subvertida: O excesso de conteúdo em que as pessoas são expostas diariamente inunda-as de informação, distração e também desinformação.

A lógica está tão diferente que aqueles mesmos que no passado agiam buscando reprimir as novas informações, hoje, agem de maneira diferente. Essas pessoas passam a disseminar informações falsas ou investir na distração das outras pessoas com coisas irrelevantes. Há sempre tanta informação que é difícil saber no que acreditar, e muitas vezes é até difícil de concentrar-se .

É nesse cenário que surgem as Fake News, notícias que promovem a desinformação, publicadas com o objetivo de enganar e influenciar pessoas para ter algum tipo de benefício financeiro ou político, usando do compartilhamento sensacionalista de informações que atacam o emocional dos leitores ou ouvintes.

O grande perigo é que uma mentira dita e compartilhada vária vezes torna-se verdade para seus consumidores. E principalmente se a mentira for contada após uma verdade, não importa se você contou 99 mentiras, se inseriu alguma informação verdadeira, no mínimo terás o benefício da dúvida, mas não a total descrença.

Um uso comum das fake news no nosso cotidiano é descrito por Yuval Noah Harari, em seu livro 21 lições para o século 21, em que diz que:

“ Mediante seu monopólio da mídia, a oligarquia governante pode sempre culpar os outros por suas falhas e desviar a atenção para ameaças externas, sejam elas reais ou imaginárias”.

No mundo atual, com a existência das mídias sociais já não é necessário monopolizar as mídias, usando uma mídia própria para distribuir informações, governantes podem sempre culpar os outros por suas falhas e apontar ameaças externas, sejam elas reais ou imaginárias. Quando se vive desse modo, sempre haverá uma crise urgente utilizada para acobertar fatos. Se a nação tá enfrentando uma grave pandemia ou uma suposta ameaça de ataques terroristas, quem tem tempo para se preocupar com processos de corrupção ou com as queimadas nas florestas? Ao fabricar uma imensidão de crises e polêmicas, um governante questionável prolonga seu domínio imediatamente. É uma tática simples de desfocar o seu olhar crítico.

As Fake News se espalham 70% mais rápido do que as notícias verdadeiras e alcançam muito mais pessoas, foi a conclusão do estudo realizado por cientistas do MIT, em 2017. E por que isso acontece? As notícias falsas são feitas para atacar o aspecto emocional das pessoas, utilizando títulos sensacionalistas e ao distorcer fatos buscam atingir as crenças dos leitores.

Esse fenômeno trata-se da propensão para a confirmação, a tendência das pessoas preferirem informações, verdadeiras ou não, que confirmem suas crenças.

Como evitar compartilhar fake news?

O primeiro passo é desacelerar e navegar com cuidado por essas armadilhas. O cenário digital fez com que nossas decisões fossem amplamente aceleradas, principalmente naquelas notícias que atacam nosso emocional, fazendo com que nos sintamos felizes ou inconformados. Os criadores das fake news utilizam títulos sensacionalistas para nos convencer que não devemos nos preocupar com os detalhes. Mas quando uma notícia nos atinge dessa forma devemos querer saber mais, não menos.

É dessa curiosidade que surge a vigilância epistêmica, a preocupação que precisamos ter para não sermos enganados, é fundamental investigar as informações que chegam até nós. Achar que tudo o que ouvimos é verdadeiro, que nunca há uma segunda intenção do interlocutor, é viver ingenuamente, com sérias consequências nas nossas vidas. Tudo é escrito, dito e produzido com alguma intenção.

Quais práticas podemos adotar para construir a vigilância epistêmica?

1-Ligue seu desconfiômetro quando a notícia:

Trata de temas polêmicos ou de grande repercussão. Exemplo: O remédio que está curando todos os doentes de Covid 19.

Possui títulos alarmistas. Exemplo: A verdade que a OMS não quer que você saiba.

Possui informações sem fontes ou creditadas de forma duvidosa. Exemplo: “Segundo um amigo que trabalha na FIOCRUZ…”

Utiliza de informações teoricamente exclusivas que não são encontradas em outros veículos de comunicação. Exemplo: Vazaram informações secretas do Ministério da Saúde que a Globo tenta esconder”.

2- Leia o texto do ínicio ao fim: Muitas vezes o texto possui um título apelativo para chamar atenção e gerar rápido compartilhamento, mas seu conteúdo não condiz com o título da notícia.

3- Fique atento se o texto parece exagerado e absurdo: Notícias falsas geralmente são sensacionalistas. Sei que no contexto em que vivemos no Brasil, algumas notícias verdadeiras soam improváveis, mas caso você considere algo absurdo, verifique outras fontes.

4- Verifique se as informações são vagas e se possuem fontes: O jornalismo de boa qualidade é responsável com seus ouvintes e leitores, caso as informações das notícia sejam muito vagas e não possuem fontes, desconfie.

5- Cheque a data de publicação da notícia: Algumas notícias antigas podem renascer, o fato dessa notícia ter sido verdadeira no passado não significa que ela continua aplicável hoje. Esteja atento na data de publicação.

6- Verifique se a notícia está presente em algum veículo profissional da imprensa, alguma fonte confiável.

Você é responsável por tudo que compartilha. Qual impacto você quer gerar?

Texto: Victor Maués Rodrigues.

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Tribus Kabana

Meu nome é Victor Maués. Acredito que o futuro não é mais como era antigamente. Por isso, te convido a repensar o mundo usando criatividade e futurismo.